susywrites

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Réplica

Sou livre do Oiapoque ao Chuí
Sou livre na essência do definir
Sou livre até não poder mais
Sou livre por me sentir capaz
E prosseguirei nessa convicção
Até que eu me convença do contrário..

domingo, 20 de janeiro de 2008

Um pouco de literatura

Acabei de ler dois livros muito expressivos da literatura mundial:Drácula o vampiro da noite - Bram Stoker, e A Carne - Júlio Ribeiro. O primeiro, um grande clássico das letras inglesas; o último um romance naturalista brasileiro.
Há tempos tinha vontade de ler Drácula. Assisti o filme de Francis Ford Coppola na infância e sempre fui muito interessada pela temática vampírica.
Ao longo de quatrocentas e trinta e cinco páginas o leitor é transportado espantosamente para o castelo do Conde, e pode acompanhar quase em loco as aventuras dos amigos Mina Harker, Jonathan Harker, Van Helsing, Artur Holmwood, John Seward e Quincey Morris.
Demorei um certo tempo lendo. Estava um tanto quanto atarefada com final de período na faculdade, término de ano letivo na escola que trabalho e etc. Mas isso não impediu o meu total deleite e redenção ao livro. Geralmente quando demoro muito lendo alguma coisa, nas idas e vindas da leitura pode ocorrer um desânimo, ou seja, posso ter dificuldade de retomar o que larguei a dois ou três dias. No entanto, isso não aconteceu com Drácula. Eu podia passar até cinco dias afastada da história e nada mudava. Só precisava abrir na página e pronto. Tudo recomeçava.
E o que é importante de ressaltar, é o magnetismo que a obra possui. Stoker de fato triunfou na construção da atmosfera gótica de seu trabalho. A capa da edição da Martin Claret basta pra se familiarizar com os caracteres do vampiro mai famoso do mundo. O cabelo com nuances grisalhas emoldurando o rosto assustador dispensa mais detalhes.
Simplesmente maravilhoso!
Coincidentemente as lendas vampíricas estão sendo abordadas atualmente em uma novela da Rede Record. O que confirma o fascínio que homens chupadores de sangue causam e sempre causarão...
Ao contrário de Drácula, A Carne não me tomou nem uma semana, acho que nem quatro dias se foram enquanto eu lia.
É uma leitura forte, por vezes chocante, e possui uma linguagem peculiar combinada com uma forma não-linear de concordâncias sintáticas. Isso dinamiza bem o ato de ler, acelerando ainda mais o processo que por sinal foi bem prazeroso.
A obra traz temas intrigantes tanto para a época de seu lançamento, quanto para hoje a vinte dias de janeiro de 2008. A soberania feminina é um deles.
Lenita, a personagem que conduz a narrativa, é uma jovem há anos luz de seu tempo. Pelo menos no aspecto intelectual ela se sobressai ás moças casadoiras suas contemporâneas.
Entende de ciência e recusa uma gama de pretendentes por se julgar superior. No momento que encontra alguém "a altura" se entrega e é correspondida.
O autor disseca todas as sensações experimentadas pelos personagens e faz isso com maestria. Os instintos carnais são enfatizados e igualam os homens e mulheres aos animais irracionais que agem impulsionados pelos sentidos. Como no instante em que Lenita sente o cheiro de Barbosa, o seu amado, e se descontrola na frente da mucama.
Apesar de dar todo esse respaldo para Lenita, de colocá-la quase em pé de igualdade com os homens, no final o autor devolve o lugar de ser inferior ocupado pela mulher.
Enciumada pelos casos amorosos passados de Barbosa, Lenita vai embora grávida e casa-se com um dos pretendentes antes rejeitado. Assim ela acabou desempenhando a função feminina por excelência: ser reprodutora e dona de casa.
Toda a erudição possuída por ela não foi suficiente para removê-la desse papel. E a liberdade sexual tornou-a uma vagabunda. Totalmente condizente com a época.
E para minha grande revolta, Barbosa ainda comete suicídio decepcionado pelo abandono de sua amada. Aff!
Quando li a sinopse na contracapa do livro, imaginei um outro desenrolar da história. Pensei que Lenita seria mostrada como heroína, mas o que vi foi uma mulher presunçosa, preconceituosa e precipitada.
Típico autor machista..Quase conseguiu disfarçar...